História da Romaria ao
Senhor Bom Jesus de Pirapora
Nesta página o Portal Peregrino da Esperança apresenta a História da Romaria do Senhor Bom Jesus, sua festividade no mês de agosto e os momentos de forte comoção espiritual na Semana Santa.
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"Eu ainda não O amava, e Ele [Jesus] já me tinha Amor." (Apóstolo Pedro)
🥾 História da Romaria ao Senhor Bom Jesus de Pirapora
🕊️ Ao Senhor Bom Jesus de Pirapora
(Maria Bernadete Miranda)
No silêncio das águas do Tietê,
surgiste, ó Bom Jesus, para nos guiar,
entre peixes e preces, no amanhecer,
fizeste da fé o nosso caminhar.
Teu olhar cravado na cruz sagrada,
fala ao romeiro que chega cansado,
com os pés feridos e a alma lavada,
pela esperança de um milagre esperado.
Pirapora, terra de promessas e dor,
acolhe o povo com mãos estendidas,
e em teu Santuário pulsa o amor
de tantas vidas, de tantas partidas.
Trazemos cruzes nos ombros curvados,
mas o coração, Senhor, é teu altar;
e mesmo entre espinhos e passos cansados,
seguimos firmes, sem nunca parar.
Porque sabes da dor que carregamos,
do silêncio da noite, do pranto escondido.
Mas também sabes, Senhor, que te amamos
com o amor mais simples e mais decidido.
Recebe, Bom Jesus, nossa romaria,
nossas lágrimas, dores e gratidão.
Faz de cada passo uma doce harmonia
e de cada promessa, renovação.
E quando partirmos de volta ao caminho,
leva conosco tua luz e tua paz.
Pois quem já te encontrou não caminha sozinho,
e em teu coração repousa e se refaz.
A Romaria do Senhor Bom Jesus de Pirapora é uma das mais antigas e tradicionais expressões de fé do povo paulista. Sua origem remonta ao século XVIII, quando, segundo a tradição, uma imagem do Cristo crucificado foi encontrada por pescadores às margens do rio Tietê, próximo à atual cidade de Pirapora do Bom Jesus. Desde esse momento, o lugar passou a atrair devotos e peregrinos movidos pela fé no “Bom Jesus”, como passou a ser carinhosamente chamado. Com o tempo, essa devoção simples, popular e profundamente enraizada nas dores e esperanças do povo cresceu e se espalhou por toda a região.
A palavra “Pirapora”, de origem tupi, significa “salto de peixe”, e faz referência ao ambiente natural onde a fé floresceu. A cidade se tornou, ao longo dos séculos, um centro de peregrinação, onde romeiros chegam de todos os cantos do Estado de São Paulo e de outras regiões do país. Muitos caminham dias a pé, outros vêm a cavalo, de bicicleta ou em carros de boi. O que os une é o mesmo desejo: agradecer uma graça recebida, pagar uma promessa, pedir por cura, proteção ou recomeço. O Santuário do Senhor Bom Jesus é, assim, lugar de consolo, perdão e reencontro com Deus.
Além das romarias que se intensificam no mês de agosto, por ocasião da festa litúrgica do Senhor Bom Jesus celebrada no dia 6, outro momento de forte comoção espiritual é a Semana Santa, especialmente a Sexta-feira da Paixão. Nesse dia sagrado para os cristãos, centenas de peregrinos chegam a Pirapora carregando pesadas cruzes de madeira, em sinal de penitência e identificação com o sofrimento de Cristo. Vindos de diferentes pontos da região, enfrentam longas distâncias em silêncio, oração e sacrifício, entregando suas dores àquele que sofreu por todos. A chegada ao santuário, muitas vezes marcada por lágrimas, cânticos e joelhos dobrados, transforma-se numa verdadeira liturgia do povo: intensa, comovente e profundamente autêntica.
Durante a Sexta-feira da Paixão, as ruas da cidade se enchem de fiéis que revivem, com gestos concretos, a Via Crucis do Senhor. A cruz carregada nos ombros é símbolo do peso das lutas humanas, mas também da fé que sustenta. Muitos caminham descalços, outros em silêncio absoluto; há quem reze o terço, quem cante, quem ofereça o esforço por entes queridos ou por curas espirituais. A comunhão entre os que chegam e os que acolhem cria um clima de verdadeira fraternidade cristã.
A hospitalidade dos moradores, a acolhida nas paróquias, os gestos de solidariedade e os pontos de apoio fazem da cidade, nesses dias, um verdadeiro santuário a céu aberto. E o Santuário do Senhor Bom Jesus de Pirapora, silencioso e firme, ergue-se como ponto final da caminhada e recomeço da alma. É diante de sua imagem milagrosa que muitos romeiros renovam suas promessas, agradecem por graças recebidas e voltam para casa transformados.
A Romaria do Senhor Bom Jesus de Pirapora, seja na festa de agosto ou na Semana Santa, permanece como expressão viva da fé do povo brasileiro. Uma fé que se move com os pés, que se ajoelha no chão, que se emociona sem vergonha. Uma fé que transforma o cansaço em oração, o sacrifício em oferta e o caminho em encontro com Deus. É por isso que, geração após geração, os romeiros continuam a peregrinar, pois sabem que ali, naquela pequena cidade banhada pelo Tietê, o Senhor Bom Jesus continua a acolher, curar e caminhar com seu povo.